Artigo de Opinião

Publicado no Suplemento de Seguros, do Jornal VidaEconómica, a 15 de Dezembro de 2023.

Diretor Geral da DefendeRisk Consultoria, Engenheiro Lúcio Pereira da Silva

 

As crises económicas agravam as fraudes

 

O transporte de mercadorias é indispensável para o desenvolvimento económico e bem-estar das pessoas. Devido aos valores elevados que desloca, é assim indispensável a garantia desses bens através da transferência da responsabilidade das empresas para as seguradoras que garantem esse risco, sende nesse processo de transferência que ocorrem as fraudes.

Embora não se encontre a fonte, atribui-se ao grande estadista britanico, Winston Churchill, esta afirmação sobre o contrato de seguro: “se fosse possível, escreveria a palavra ‘seguro’ na soleira de cada porta, na testa de cada homem, tão certo estou de que o seguro  pode, mediante o pagamento de uma pequena quantia, livrar as famílias de catástrofes irreparáveis”.

O mercado segurador é um dos mais impormntes segmentos económicos no mundo atual. O seguro de transporte além de importante é complexo, existem muitas regras legais que o regem, por esse motivo o conteúdo integral do contrato é do desconhecimento de grande parte das pessoas que atuam nessa área de negócio.

Destaca-se a importância do transporte de cargas, uma vez que é expressivo e indispensável em praticamente todos os setores da atividade empresarial, já que o seguro é uma forma de garantir os bens transportados, pois possibilita que os envolvidos transfiram para as seguradoras o risco a que estão sujeitos. Nessa ótica, a transferência do risco proporciona a segurança e estabilidade financeira da tesouraria às pessoas e às empresas que trabalham e/ou utilizam os serviços de transporte.

No entanto, a fraude nos seguros de transportes não se resume aos processos de sinistro, pode começar na elaboração do questionário de análise de risco para a contratação.

Seja qual for o momento que a fraude for aplicada trará prejuízos ao mercado como um todo. Náo é só a seguradora que sente o golpe, mas também os segurados e toda a área de negócios relacionados. Sempre que ocorre a perda de uma mercadoria e é indemnizada pela seguradora, rapidamente a mercadoria é reposta e o processo se inicia novamente, sendo que, às vezes, o impacto do prejuízo não chega a ser sentido nas contas da empresa através da rápida regularização do sinistro e respetiva indemnização.

Os processor fraudulentos causam prejuízos, inicialmente às seguradoras, que consequentemente acabam tendo que aumentar os prémios dos seguros para comperisir a perda, além disso, poderá restringir certos tipos de mercadoria.

A gestáo de risco nessa área de negócio implica dizer que vai aumentar o valor da operação daqueles que necessitam do seguro de transporte de mercadorias.

Assim, o custo transporte para o consumidor final, ou as cargas acabam por ficar sem seguro, com as empresas assumindo o risco de transporte sujeitando-se aos prejuízos incalculáveis em caso de sinistro.

Constata-se que as crises económicas só agravam as ocorrências das fraudes, no entanto o responsável pela fraude tem no seguro a única forma de enriquecer de forma ilícita nesses momentos de crise.

A fraude pode ocorrer de várias formas, na fase pré-contratual, com o fornecimento de informações falsas, mais benéficas, que induzem as seguradoras ao erro de aceitar uma contratação, ou não instruir o contrato com as devidas condições comerciais necessárias para assumir o risco em causa. Outra forma é acontecer na fase contratual, omitindo registos, adulterando faturas, com o fornecimento de documentos e informações falsas para arquitetar o processo de sinistro, simulação de sinistros, suborno ou colaboração dos peritos na elaboração de relatórios de danos e também alterações nos parâmetros iniciais utilizados na análise do risco proposto.

O cancelamento de apólices ou a diminuição nas contratações reduzem a comercialização e o recebimento do prémio, piorando o resultado das companhias seguradoras. Ocorre, aqui, um destaque no crescimento das fraudes, devido ao aumento dos contratos fechados por segurados com potencial de fraude, porque para o responsável pela fraude importa só o enriquecimențo e a obtenção de beneficio financeiro. E um cenário triste, considerando que o seguro é a única garantia real de recuperação de um bem ou valor perdido, que ao ser ressarcido pela companhia seguradora, mantém a economia circular sem proporcionar qualquer crise financeira na empresa. Os fatores que contribuem para as fraudes identificadas são muitos, devendo estes serem identificados e partilhados pelas seguradoras. A criação de uma base de dados com os devidos cuidados e dentro da legalidade atual.

Isto para que haja consciencialização e a participação dos envolvidos em medidas proativas no combate à fraude, antes da ocorrência, estas medidas iriam proporcionar melhores resultados às seguradoras e beneficiar todos os segurados na razoabilidade do prémio.

Em resumo, o aumento das fraudes aumenta o prémio do seguro, isso diminui os segurados por falta de condições de aceitar o preço, tendo como consequência o crescimento de fraudes em comparação com os contratos realizados, uma vez que para o responsável pela fraude pouco importa qual o valor do prémio que o segurado paga.

A atividade de transporte de cargas tem seus riscos e todos os envolvidos procuram uma forma de manter a viabilidade operacional.

A soluçáo é a gestáo do risco dessas operações com uma ação direta no controle de todo o processo intrínseco à operação do transporte com um único objetivo de evitar prejuízos.